sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Terra Nova

> Terra Nova não é apenas uma promessa de um futuro melhor, como é definida em seu enredo. Mas é também uma ilusão passada a todos os amantes de ficção cientifica e dos trabalhos de Steven Spielberg.

> Eu mesmo, nesta coluna, elogiei o trabalho apresentado no episódio piloto, fiquei encantado ao ver uma nova história de dinossauros, pelos quais me apaixonei quase vinte anos atrás quando assisti ao primeiro Jurassic Park. Mas fui apenas mais um dos fãs desapontados. O enredo da nova série da Fox decepciona, enrola, e quando acontece, é fraco.

> O primeiro episódio é uma propaganda enganosa. Seus efeitos especiais são bem trabalhados e mesmo para os maiores e mais trabalhosos dinossauros o encanto é notável. Claro que há falhas, e não é preciso um olho muito treinado para perceber isso, mas tudo fica dentro do aceitável para um projeto que se transformou em série e não em filme. Sabemos que não podemos exigir uma produção excelente em seriados, sendo que Game of Thornes foi o único seriado que obteve efeitos visuais cinematográficos.

> Não apenas em efeito, mas as atuações também prometeram e nos mantiveram na expectativa. Nosso herói, Jim Shannon, interpretado por Jason O’Mara, demonstrou qualidades dignas de um protagonista, mas com o passar dos episódios deixa de ser surpreendente e cai na mesmice do Superman, no maior estilo “Precisamos de Shannon”.

> A equipe de atores mirins não é espetacular, somos apresentados principalmente a quatro. A prole de nosso herói, formada pela sabichona, o rebelde e a caçula. Quem se destaca no grupo é Skye, Allison Miller, a garota inteligente e amável que logo se torna par romântico de um de nossos heróis. Mesmo que saibamos que não é fácil encontrar talentos ocultos, como aconteceu poucas vezes nos últimos anos com as irmãs Fanning, Dakota Goyo e Liana Liberato, esperava conseguir ver mais um exemplo em algo supervisionado por Steve.

> Mas as coisa não param por aí. O pior a se comentar tem relação ao enredo. Devo admitir, ele é, inicialmente, fantástico. A Terra já não suporta a vida humana no ano de 2149. Cientistas desenvolvem uma máquina do tempo e são capazes de enviar grupos de pessoas através de um portal até os tempos pré-jurássicos. Bem, vamos deixar de lado a pergunta mais pertinente. "Poderíamos ter escolhido algo após a era glacial ou que simplesmente não envolvesse um meteoro que acabaria com a vida na Terra?" Pois afinal, me agrada uma história com dinossauros.

> No futuro, desrespeitando as regras do controle de natalidade, onde é ditado que um casal pode dar a luz a apenas dois filhos, nossos protagonistas resolvem que seria uma boa ideia ter um terceiro. A série deixa evidentes as diferentes classes sociais no futuro apocalíptico, e quando o pai da família vai para a cadeia, a mulher é contemplada com um ticket de viagem no tempo. Uma fuga alucinante é preparada em um dos melhores momentos do início da série e os cinco conseguem se reunir no passado pré-histórico.

> De volta entre os dinossauros, e vivendo em uma colônia intitulada Terra Nova, os membros da décima peregrinação, como é chamado o novo grupo de viagem no tempo, recebem a promessa de uma segunda chance, uma nova vida, com direito a recomeços e perdões. Mas nem tudo são flores no passado. Os membros da sexta peregrinação tornaram-se inimigos da colônia, e onde havia uma promessa de paz, Shannon e sua família encontram-se no meio de uma guerra. > Isto tudo é empolgante, mas essa história é pouco mais de meia hora da série, os episódios que se seguem não evoluem muito e são recheados de cenas cansativas e irrelevantes. Do segundo ao sexto, nada que nos é apresentado realmente importa, tudo serve apenas para criar uma barriga no enredo enquanto testemunhamos os efeitos especiais empobrecerem e os diálogos simplificarem.

> Há poucos passos do final, pois a primeira temporada encerra no décimo segundo episódio, o seriado ganha vigor e retoma a promessa de uma boa série. Mas pergunto-me quantos de vocês, espectadores, sobreviveram ao inverno intenso e estão dispostos a continuar essa jornada, em vista de que até mesmo os aficionados pelo gênero sentiram-se enganados? Por fim, Terra Nova é aquilo que seu enredo mesmo afirmou, apenas uma promessa.

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