sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Gigantes Aço

BONITO, E APENAS ISSO.




> Em certo momento a raça humana já não estava mais satisfeita com a brutalidade no nível tradicional. Já não era mais suficiente jogar duas pessoas em um ringue e assisti-los destroçar seus ossos e orgulho e prol do divertimento alheio. O passo óbvio foi tirar os humanos da arena e substituí-los por máquinas, isso substituiria a sede de sangue pela inexistência de regras e a possibilidade de ver um ou outro braço metálico arrancado. Desta ideia surgiu o campeonato de luta livre entre robôs Real Steel. Arena e palco de Gigantes de Aço.

> Quando foi perguntado sobre um tal de Max Fallon, o boxeador falido Charlie Keaton não se abalou. Pelo contrário, mal conseguia lembra-se que tinha um filho de “nove ou dez”. Eram onze anos, e a mãe havia falecido. Ao contrário de todo bom pai, Keaton não quis o garoto, e vendeu a custódia do filho sigilosamente para a ex-cunhada. R$ 50 mil adiantados, e outros R$ 50 mil quando entregasse o filho.

> Acredito que o restante do roteiro é um pouco óbvio. Pai não gosta do filho. Filho não gosta do pai. Pai salva o filho. Filho impressiona o pai. Filho dá uma lição de moral no pai vagabundo. O pai se arrepende. Pai e filho fazem as pazes. Em meio a tudo isso, temos robôs lutando em terrenos ilegais e uma liga oficial onde apostas rolam soltas e um grande robô apropriadamente chamado de Zeus sustenta o título de campeão invicto.

> As coisas acontecem incrivelmente rápido em Gigantes de Aço. Da relação do pai com o filho, a encontrarem o “simpático” robô Atom no ferro velho e o tornarem capaz de competir. A sucessão de lutas e ascensão de Atom se de dá ao som de uma trilha sonora incrivelmente adequada ao filme e ao enredo, que por pouco mais de meia hora fazia boas promessas.

> Mas as coisas boas param por aí. O argumento onde se baseia todo o enredo de Gigantes de Aço é uma grande piada. É claro, ele é apresentado de maneira sutil, rápida e pode até ser deixado de lado por acidente. Mas vai na contramão de qualquer lógica e também da natureza humana. Sinceramente, consigo visualizar com mais facilidade máquinas colocando humanos para brigar do que o contrário.

> O passo óbvio para satisfazer o desejo das massas para com as lutas é retirar os homens delas? Não. Isso está errado, ainda mais em uma época em que as lutas do UFC se tornam cada vez mais famosas e populares. O público vai ao delírio quando um adversário é socado até desmaiar, ou nocauteado no primeiro round por um único golpe. As pessoas querem sangue, não metal.

> O diretor Shawn Levy começou errando aí. O segundo erro não é exatamente sua culpa. A escolha de Hugh Jackman para o papel principal não o beneficiou. Jackman é um grande ator, quem se lembra dele da época de A Senha: Swordfish há de concordar. Mas seus trabalhos recentes como Wolverine lhe impregnaram a imagem do X-men, para retirar tal marca será preciso outro mega sucesso, caso contrário ele sempre será “o cara que fez o Wolverine”.

> O mesmo acontece com Evangeline Lilly. A morena tem uma atuação convincente, mesmo estando em segundo plano no filme, mas não o suficiente para livrar-lhe de seu trabalho em Lost. O ponto alto do filme é também o mesmo que leva seu elenco para o fundo do poço. O pequeno Dakota Goyo entra para a galeria de grandes atores mirins que vêm se destacando no ano, ao lado de Elle Fanning e Liana Liberato. O problema é que seu papel foi tão trabalhado e sua interpretação digna, que Jackman e Lilly ficaram com cara de bobos ao lado do pequeno.

> O longa metragem, apesar de dar um novo formato ao modelo de filmes como O Vencedor e O Lutador, não foge do esperado. Um ajuste aqui, um boxeador aposentado ali, e no final, a mesma história de sempre. Um final feliz que você não queria ver. Gigantes de Aço é um filme do qual você sai da sala de cinema e não consegue elaborar nenhum comentário melhor para expressar o que achou além de “legal”. Algo que nem mesmo a produção de Spielberg e a ideia original do escritor Richard Mathenson foram capazes de salvar.


Publicado na edição 067 do jornal Manchete do Vale de Itajaí em 04 de novembro de 2011

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