sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Paixão sem limite

JUST A LITTLE CRUSH....


> Foi só ao raiar do milênio que o Brasil colocou nas telas homens mais velhos apaixonando-se por meninas menores de idade. Presença de Anita criou fantasias e polêmicas na mente de homens e mulheres de diversas idades. Mas este texto não é sobre a adolescência de Mel Lisboa, assisti nessa semana a um grande clássico de exibições na Tela Quente, Paixão sem limite.

> O título, aportuguesado, em termos condiz com a abordagem do longa, mas o significado se perde. The Crush, nome original do filme, refere-se às paixonites adolescentes por pessoas fora de nosso alcance, aquela pequena queda ou tara por uma pessoa mais velha que você.

> Lembrei-me de Paixão sem limite ao assistir os antigos clipes de Aerosmisth pertencentes à trilogia Cryamazy e estrelados por Alicia Silverstone. Em 1994, ano da gravação dos clipes, a famosa patricinha de Beverly Hills tinha apenas 16 anos e chegou a contracenar com Liv Tyler, filha de um dos membros da banda de rock e que mais tarde encarnaria a elfa Arwen em Senhor dos Anéis.

> Nos primeiros instantes do filme o espectador acompanha Nick pelas ruas da cidade, em meio a cigarros, mapas e embalado em uma música típica dos anos 90, visitamos os mais diversos lugares a disposição para se alugar com um salário de um jornalista. É visível a frustração no rosto do londrino Cary Elwes a cada quarto caro ou apertado que visita.

> Nick é um jornalista com perfil de repórter, um ótimo investigador sem medo de se por em risco, mas não leva jeito ao enfrentar a tela branca do computador 11 polegadas na hora de digitar seu texto. A dificuldade de converter os sentimentos em palavras de Nick é percebida ainda nas primeiras cenas, quando ele conhece Adrian, uma bela adolescente de 14 anos andando de patins e mascando chiclete.

> O jornalista de 28 anos aluga a casa dos fundos de uma mansão, e se torna inquilino da jovem Adrian. Silverstone com 16 anos interpreta uma menina de 14 que começa a sentir as naturais mudanças hormonais. Adrian é uma Femme Fatale em miniatura, avançou dois anos na escola, toca piano, faz hipismo e tem muito mais talento com as palavras do que o próprio jornalista por quem se apaixona.

> A jovem torna-se obcecada e começa a cercar Nick, que de início se rende as tentações da carne. O enredo daí para frente é um tanto simples, o jornalista nega as investidas da jovem e ela começa a afetar sua vida, tanto profissional como amorosa. As pessoas ao redor de Nick começam a sofrer estranhos acidentes e, convenientemente, ninguém suspeitaria de uma garota angelical de 14 anos.

> Paixão sem limite é um filme que vale a pena por escancarar a paixão de pessoas de idades diferentes e polêmico ao abordar a acusação de estupro forjada pela adolescente, a produção é ótima para o período em que foi elaborado, mas a falha está no desfecho do longa, prolongado durante muito tempo propositadamente, apenas para exibir mais e mais cenas com o objetivo de fazer o espectador sentir o que o protagonista encarava.

> O filme acaba se prendendo muito mais em exibir trechos provocantes de uma garota de 14 anos do que em criar um enredo envolvente. As expressões de Silverstone são extremamente convincentes, mas não o suficiente para prender a atenção do espectador por mais de uma hora e meia. Com pouco mais de 40 minutos de filme, a maneira como Alan Shapiro produziu o roteiro torna o final nada mais do que óbvio. O sucesso do filme se reflete na carreira de sua protagonista, que passou por papéis medíocres como Batgirl, ao lado de George Clooney, e estrelou séries de baixa audiência como Miss Match, que jamais chegou a exibir todos os episódios no Brasil.


Publicado na edição 063 do jornal Manchete do Vale de Itajaí em 07 de outubro de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário