sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Thunder... Thunder... Thunder...



> Por mais que alguns não gostem, ou sejam indiferentes, arrisco dizer que todo mundo que teve contato com uma televisão nos últimos 25 anos reconhece o felino negro sobre o cristal vermelho, símbolo de Thundera, lar dos Thundercats. O desenho que encantou minha geração, e quase duas antes dela, ganhou uma nova versão, adaptada ao gosto dos novos espectadores, tão apegados ao traço japonês da animação.

> Antes de qualquer coisa é preciso deixar claro que a maneira de se pensar e produzir um desenho animado mudou completamente nas duas ultimas décadas. Era comum ver desenhos ou animes gigantescos, 200, 300 episódios, às vezes ainda mais, hoje o formato é diferente. Os desenhos começam a seguir o padrão baseado nas “seasons”, que no Brasil damos o nome de temporadas, os pacotes de 24 episódios anuais que ficam a mercê de uma possível renovação a cada término de projeto.

> Assim como nas temporadas, Thundercats 2011 elaborou um capítulo piloto e um trailer bem produzido, que podem emocionar aqueles que seguraram uma espada imaginária e gritavam junto com Lion-O: “Thundercats! Ooooh”. O primeiro episódio é estendido, com quase uma hora de duração, já os conseguintes retornam ao modelo padrão dos desenhos animados, com 20 minutos cada.

A mesma história, diferente

> Sim, Lion-O ainda é o Lorde dos Thundercats. Sim, ele ainda carrega a Espada Justiceira. Cheetara ainda exibe um decote (agora um pouco maior). E WilyKat e Wilykit ainda dão o mesmo humor à série. Mas são as adaptações que dão novo vigor à antiga história que está sendo reinterpretada. Thundera deixa de ser um planeta longínquo destruído pelos exércitos de Mumm-Ra, o terreno é apenas um desta vez, e Thundera é o reino dos felinos, que jamais abandonam suas muralhas, de maneira que o restante do mundo é um mistério.

> Talvez a mudança mais notável seja a presença de Lion-O, que desta vez não é o líder nato dos gatunos. Recém promovido a Lorde após a morte de seu pai, Lion-O não tem experiência de liderança e se considera sempre inferior ao (agora) irmão Tygra. A jornada leva os protagonistas ao encontro de demais personagens clássicos da trama, como Jaga, Panthro, Abutre, Simiano, Chacal e Ratáro.

Traços e Magias

> Não é preciso fazer uso do olho de Thundera para perceber que o traço do desenho pendeu para o modelo de anime. Para os mais radicais pode-se dizer que o Lorde dos Thundercats tornou-se uma espécie de super sayajin ruivo, ao herdar o modelo pontiagudo de cabelos utilizados durante anos na obra de Toriyama, Dragon Ball Z. Mas não é para tanto, o uso de linhas finas e cores fortes dá ao desenho um aspecto leve e limpo, de maneira que os detalhes são mais bem aproveitados, dando valor agora a elementos como vento, cenário e figurantes, inexistentes no desenho de 1983.

> A relação feita entre tecnologia e magia ainda está viva, e melhor agora, mais explicita. Desta vez ainda se juntam à história contextos medievais e piratas, onde é possível encontrar arpões e flechas sendo utilizados contra armas de raio laser ou magias espirituais. A mescla de universos em Thundercats foge à lógica de qualquer outra obra e cria para si um contexto próprio, que deve ser apreciado com deleite. Caso contrário, o pré-julgamento pode ser aquilo que vá fazer a audiência cair e colocar em risco o formato de trabalhar em temporadas de 24 episódios.

> Thundercats volta em um formato jovem, renovado, e com uma equipe de produção responsável e preocupada. O grupo de vozes (ainda narrado apenas em inglês) é extremamente competente, Lion-O mistura sua jovialidade com o tom de líder ao proferir suas palavras no momento em que a Espada Justiceira ganha forma. Ainda merece destaque o novo Snarf, talvez o mascote mais querido de um desenho animado, que desta vez vem com o papel de animal de estimação, sem falar, mas ainda engraçado e carismático, pronuncia apenas expressões formadas pelo termo “snarfsnarf”.

> O novo desenho tem potencial, mas pode desagradar os mais conservadores e talvez não encantar esse novo público que parece preferir as obras japonesas. De qualquer maneira, vale para matar a saudade, desde que obedeça à principal regra dos Re-Boots, não destruir a história original.

Publicado na edição 058 do jornal Manchete do Vale de Itajaí em 02 de setembro de 2011

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