sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Super 8 - A Velha arte de fazer filmes


> Há meses esperava para entrar na sala escura e assistir o resultado da união entre Spielberg e Abrams, as mentes brilhantes por trás dos filmes e séries que marcam gerações. J. J. Abrams é genial, mas ainda uma criança se comparado com seu coprodutor. Sábia foi a decisão desse trabalho em equipe que agregou aquilo que de melhor existe em cada um.

> Desde Taken não me envolvia tanto em uma produção sobre alienígenas quanto em Super 8. O longa traz de volta a velha arte de fazer filmes, antes das superproduções tecnológicas e do apelo sexual exacerbado tomarem conta de Hollywood. O filme é um amontoado de elementos já vistos em outras produções. É possível notar traços de antigos trabalhos de Spielberg e Abrams, dos quais apenas para citar alguns temos E.T., The Gonnies, e os quebra-cabeças de Lost.

> A repetição daquilo que hoje nos referimos como “clichês” não torna o filme algo repetitivo, muito pelo contrário, nos envolve de uma maneira que voltamos a ser crianças enganadas tentando a todo custo resolver o grande mistério sobre o ocorrido no final da década de 70.

> Com uma produção impecável que utilizou novas formas de fazer um filme, criando cenas no teaser trailer que não estão presentes no longa, imagens que se completam e dão apenas aos mais apaixonados pela obra o êxtase de que tudo faz sentido. O catastrófico “acidente” de trem em Lilian, Ohio, é literalmente uma explosão de acontecimentos no meio de uma narrativa lenta e demonstração de cotidiano.

> A cidadezinha de pouco mais de 12 mil habitantes, é cenário das filmagens da câmera Super 8 de pequenos aspirantes a cineastas. Podemos deslumbrar um elenco formado por talentosíssimas crianças que conseguiram extrair a essência de amigos de infância, vista antes com tanto fervor apenas pelos sete amigos que lutavam contra A Coisa, na obra de Stephen King.

> Spielberg se valera do talento da Fanning mais velha para dar vida à pequena Allie Keys em Taken. Agora em Super 8, a irmã mais nova de Dakota, Elle Fanning interpreta impecavelmente Alice, o amor secreto de Joe Lamb, papel de Joel Courtney, o produtor e maquiador do filme sobre zumbis.

> Os pequenos dão vida a uma história de amor sem apelo sexual, cada momento de silêncio deixa o espectador inclinado para frente na cadeira a espera do grande beijo, pano de fundo dos mistérios que envolvem o sumiço de cabos de força dos postes de luz, a fuga dos cães para locais distantes do centro da cidade de Lilian, roubo de motores de carros e, claro, a presença indetectável do alienígena, que fica sempre escondido e força quem está assistindo a espichar o pescoço e tentar, obviamente sem sucesso, enxergar o rosto do monstro.

> Super 8 conta com a criatividade inesgotável de J.J. Abrams, que provou não ter fechado a fábrica de ideias após o término de Lost, e a experiência de Steven Spielberg, que é percebida a cada novo capítulo do filme. As cenas parecem brincar com as emoções, o romance infantil, mas não piegas, os risos que quebram a expectativa do público, e breves sustos causados ora pelo bizarro extraterrestre, e ora pela paixão doentia do menino Cary por fogos de artifício.

> O ponto baixo, se é que existe algum, é que Super 8 é um aglomero de coisas que já vimos. A trama se torna clara e o final não é surpreendente. Nada que se possa chamar de erro, um fecho diferente poderia ter desvalorizado aquilo que se assiste por quase duas horas na sala de cinema. Super 8 traz de volta a notória paixão do diretor por fazer um filme e o deleite de um espectador ao assisti-lo.

Publicado na edição 056 do jornal Manchete do Vale de Itajaí em 19 de agosto de 2011


Um comentário:

  1. vou tentar assistir neste final de semana. o filme ainda está em cartaz na minha cidade.

    []s

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