sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sexta-feira 13

MEDO É AQUILO QUE GOSTAMOS DE SENTIR QUANDO SABEMOS QUE ESTAMOS EM SEGURANÇA

> Crescemos e abandonamos nossos medos. Será mesmo? Será que esta é a razão de não me impressionar tanto com a indústria cinematográfica atual? Fiquei mesmo tão mais velho e maduro que não me permito assustar diante da tela grande do cinema? Não. Recuso-me a acreditar nisso. Afinal de contas ainda não gosto de apagar a luz na parede oposta de meu quarto à noite, tampouco estou convencido de minha segurança ao caminhar em vielas mal iluminadas. Ainda sinto medo, os filmes é que estão se tornando cada vez menos impressionistas. O terror está morrendo.

> A sexta-feira 13 sempre me remete aos bons e velhos filmes, principalmente às clássicas vítimas de Jason Voorhees. Mas é exatamente esse o problema. Ao pensar em filmes de terror, tudo que me vem à mente são os clássicos, os antigos. Apesar de já não ser mais o fã assíduo que fui logo entrar na adolescência, fase em que temos de provar nossa valentia a nós mesmos, continuo acompanhando as produções do cinema de terror e devo dizer, são decepcionantes.

> O suspense, em certos casos, entra na categoria de que estou falando, mas ainda assim são poucos os que se destacam. Na última década tivemos aquela desenfreada produção de máquinas sanguinárias em Jogos Mortais. Em 2004 tive até mesmo que deixar de lado produção ordinária do primeiro filme e reconhecer seu enredo original e, de certo ponto de vista, genioso. Mas suas sequências o tornaram um produto comercial, o carro chefe da Lionsgate, que parecia nunca se cansar de arrumar formas de ver as vísceras das pessoas serem espalhadas sem uma justificativa plausível. Por fim, a franquia apanhou da crítica e deixou a todos os fãs uma conclusão capenga de uma história que jamais deveria ter continuado.

> Em 2011 fomos surpreendidos pelo quarto capítulo na série Pânico. O caminho aqui pode ser tortuoso, pois o trabalho de Wes Craven sempre é merecedor de elogios. Mas a franquia de Ghostface é sempre mal interpretada pelos fãs do terror/suspense, que acabam o considerando quase como um filme de comédia, e diante desta quarta obra, eu nem posso lhes tirar a razão. Pânico também deveria ter ficado apenas na prateleira.

> Ainda em uma linha fina entre o terror e a comédia caminhou Arraste-me para o Inferno. O filme de Sam Raimi tinha tudo para dar certo, um enredo original, frases de impacto e uma fotografia incrivelmente convincente. O erro da obra foi ser levada para o lado trash das produções, quando as cenas relacionadas a bocas e líquidos asquerosos tomam conta do filme. Arraste-me para o Inferno seria um dos melhores filmes de terror da atualidade, se tivesse rumado para essa premissa.

> A pseudo-inovação do cinema fica a encargo de Atividade Paranormal. Este, para os descuidados, pode gerar alguns sustos. Filmado no já conhecido método de câmera amadora utilizado em Bruxa de Blair, o longa vence o espectador no cansaço. São tantos os momentos de tensão sem desfecho que quando já não se acredita mais em um susto, o volume alto do cinema o faz saltar da poltrona, mas tudo perde o sentido o ser assistido no sofá de casa.

> No saldo positivo, mas ainda assim sem honrar os trabalhos de Kubrick em O iluminado ou Hichcock em Psicose. E nem sequer próximos de amedrontar gerações como Gremlins, Chuck, Jason ou Freddy, temos algumas atuações convincentes e um ou outro remake.

> Gosto de relembrar sobre o remake de The Crazies intitulado A Epidemia, que foi sem dúvida o melhor terror de 2010, com uma nova versão daquilo que estamos acostumados a chamar de zumbis. Caso 39, com um trabalho conjunto de Renée Zellweger e Jodelle Ferland foi extremamente convincente. Ainda, com um pouco de boa vontade, Deixe-me Entrar também merece elogios, remake da versão sueca.

> Acredito que o melhor do cinema atual seja a obra de Zack Snyder, a mente por trás de Sucker Punch, 300, e do próximo Superman. Madrugada dos Mortos, outro remake, impressiona desde a abertura ao som de Jhonny Cash, até seu final épico e incrível narrativa lenta, mas coerente, conseguindo dar, em pontos estratégicos, algumas pinceladas de humor.

> Ainda assim falta em nosso cinema um novo padre Karras, por mais que Anthony Hopkins tenha tentado fazê-lo em O Ritual. Precisamos de um novo brinquedo assassino, ou diretor sombrio o suficiente para nos trazer Jason Voorhees de volta das profundezas de onde seus últimos filmes o enterraram. Afinal de contas, qual o sentido de nossas sextas-feiras 13 sem um bom filme de terror?

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