sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Terror na Água 3D

GAROTAS BONITAS E TUBARÕES VOADORES EM TRÊS DIMENSÕES



> Continuo me perguntando a lógica desses filmes de tubarões. Tirando todos os demais equívocos que o roteiro de Terror na Água 3D possa ter apresentado, a maneira mais fácil de não ser morto por um tubarão é manter-se fora da água.

> Pergunto-me o que aconteceu com David R. Ellis, o diretor que há dez anos nos apresentou Premonição. O trabalho, daquele que já julguei genial, perdeu totalmente a criatividade. A impressão que ficou é que a ideia foi simplesmente usar a tecnologia de filmes em três dimensões para recriar o mesmo tipo de roteiro sobre tubarões já conhecido.

> Os clichês amontoam-se. O CDF desajeitado sem amigos. O herói do time da escola. As duas amigas sem vergonha usando biquíni fio dental e se trocando de costas para câmera, e claro, nossa bela protagonista pura e intocada, a repetição apenas seria maior se ela fosse virgem. Todos os elementos levam ao resultado óbvio, um filme com garotas de biquíni, homens sarados e muito sangue.

> De fato, acredito que menos sangue do que o esperado. Possivelmente influência da produtora, o berço dos filmes água com açúcar, Walt Disney. A empresa que parece atacar em todas as frentes nestes últimos anos, sendo responsável até mesmo pelo projeto Vingadores em 2012, embarca também nos filme de terror, mas devo dizer que não conseguiu um lugar muito bom.

> Chegando de barco à casa de sua família às margens do lago Louisiana, Sara, nossa heroína loira semivirgem interpretada por Sara Paxton, e seus amigos, dão início ao que deveria ser fim de semana de diversão sob o sol. Mas quando o jogador de futebol americano Malik sai cambaleando da água salgada do lago com o braço arrancado, logo você percebe outro clichê, o negro é o primeiro a morrer.

> A partir dali a coisa se torna ainda mais lógica. O pequeno sujeito desajeitado é estudante de medicina, e se torna uma peça importante para sobrevivência do grupo, e atrativo aos olhos da pequena Sara. Presentes ainda no filme estão as teorias de conspiração, os vilões evidentes desde a primeira aparição, e o ex-namorado gostosão.

> Terror na Água 3D é cansativo porque demora a ter ação. E quando as pessoas começam a morrer, se torna chato porque demora a terminar. Entrei na sala de cinema e marquei no relógio quanto tempo demoraria até a primeira morte. Claro, estou excetuando a primeira cena, já que todo filme de terror começa com uma catástrofe, e me atendo à primeira morte do grupo de protagonistas. Foram trinta minutos até que as cenas de bebidas, perversão e insinuações lésbicas terminassem.

> A favor do filme vale a pena ressaltar que, apesar da perseguição das lentes das câmeras às bundas femininas, Terror na Água 3D não se torna tão apelativo sexualmente quanto o coirmão Piranha 3D, que se valeu até mesmo de uma atriz pornô para formar o elenco. Temos ainda as mais belas paisagens de Lousiana, vendidas quase como em novelas da rede globo, que são uma espécie de deleite enquanto a ação não começa. Claro que as paisagens apenas são válidas para o cinema 3D, o mesmo filme visto em casa na televisão seria ainda pior.

> Por fim, o amontoado de clichês, cenas desnecessárias e diálogos fracos marcam Terror na Água 3D como mais um dos filmes do gênero que não valem o preço do ingresso. Posso jurar que prefiro muitas vezes enxergar os parafusos na boca do tubarão robótico no filme de Spielberg, do que nadar entre as máquinas mortíferas de Ellis.

Publicado na edição 070 do jornal Manchete do Vale de Itajaí em 25 de novembro de 2011

Um comentário:

  1. Prefiro ver o programa da Ana Maria Braga do que encarar esse filme, hehehe

    Abs.

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