sexta-feira, 23 de setembro de 2011

And Emmy goes to....


> Ainda bem que era uma cerimônia de premiação e não um seriado de comédia. As piadas prontas e os risos da plateia estavam muito fracos esse ano. Jane Lynch, estrela do seriado Glee, liderou o grupo de falsos comediantes que tentavam a todo custo interagir com os espectadores através de trocadilhos lidos em um teleprompter. Sem sucesso, o embaraço era cortado pelo jargão “And the Emmy goes to...” e a intenção de riso subia solitária para o teto do Nokia Theatre, em Los Angeles.

> A missão de ser mestre de cerimônia não é fácil. Ao menos era essa a impressão que se tinha ao ver gênios da atuação como Hugh Laure e Gwen Patrol perderem o rebolado quando o texto pronto apresentava problemas.

O inesperado dentro do esperado

> O que se pode dizer? As três principais categorias se mantiveram dentro do que já se sabia. O melhor programa de variedades ainda é The Daily Show, série dramática continua com Mad Man, e a melhor série de comédia é novamente Modern Family. A questão não é que fosse óbvio que os três venceriam, mas com concorrentes como Boardwalk Empire, Dexter, The Big Bang Theory, e o investimento milionário da HBO em Game of Thrones, a competição poderia ter sido um pouco mais acirrada.

> Os novos campeões surgiram onde surgiu uma brecha contra os hegemônicos. Uma delas foi a vitória de Melissa McCarthy, Mike and Molly, como melhor atriz de comédia. Mesmo após sete anos no elenco de Gilmore Girls, apenas agora Melissa, ao protagonizar uma série, recebeu a indicação. Outro novato foi o único prêmio angariado por Game of Thrones, Peter Dinklage venceu a competição de melhor ator coadjuvante de drama.

> A premiação serviu para separar os grandes dos pequenos, mostrou que esse apelo comercial feito em séries como Supernatural, Grey’s Anatomy, True Blood e Vampire Diaries não serve para chegar ao trono de ferro. Diria que aqueles que mereciam destaque seriam Steve Buscemi de Boardwalk Empire e, claro, Hugh Laurie, mas todos sabemos que House M.D. anda mal das pernas, com o perdão do trocadilho.

Shenn X Lorre

> Não poderia deixar de faltar algumas alfinetadas. Já esperava que Charlie Sheen fosse um dos atores que entregariam estatuetas, mas entregar-lhe o compromisso de passar adiante o prêmio de melhor ator de comédia, isso foi uma jogada perigosa.

> Arrisco dizer que quando Sheen falou “Quero dizer algumas palavras do fundo de meu coração”, ele queria dizer o que realmente se passava em sua cabeça. Não foi o que aconteceu. Charlie desejou sucesso aos colegas com os quais trabalhou durante oito anos.

> A bem pensada atitude Charlie ainda foi coroada, ao entregar o prêmio para Jim Parsons, ator de The Big Bang Theory. A série também é criada por Chuck Lorre, o diretor que colocou Charlie Sheen na rua, e dias antes tentava impedir sua participação na entrega dos Emmys. O ator mostrou-se centrado, realista e consciente, com isso ele começa a ajeitar o terreno para sua volta, um bom trabalho ao cuidar da própria imagem.

Descaso

> Nós, servos da televisão por assinatura, fomos torturados na noite do prêmio. É plausível que ocorram alguns erros na hora de se traduzir um evento ao vivo, e sei que não se pode colocar toda a culpa nos intérpretes, mas devo dizer que assistir à 63ª edição do Emmy foi ainda pior do que assistir à entrega do Oscar com José Wilker e Maria Beltrão.

> Os “profissionais” aparentavam estar cansados, e com um grande descaso para o que estavam fazendo. As expressões coloquiais e a demora para encontrar o sentido no que os atores queriam dizer faziam a lógica dos comentários desaparecer. A pior parte era que essa faixa de áudio não podia ser desativada, nem na televisão, nem na internet. Puro descaso.

Publicado na edição 061 do jornal Manchete do Vale de Itajaí em 23 de setembro de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário